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Procedência Vallencia - Valência

Valência (em castelhano: Valencia, AFI: /baˈlenθja/; em valenciano e oficialmente: València, AFI: /vaˈlensia/) é um município da Espanha, capital da província homónima e da Comunidade Valenciana. É a cidade mais populosa da sua comunidade autónoma e a terceira mais populosa da Espanha. O município tem 134,65 km² de área e em 2021 tinha 789 744 habitantes (densidade: 5 865,2 hab./km²). Em 2014, a área metropolitana tinha 1 542 233 habitantes.

Situa-se na costa do Mediterrâneo, no leste do país. É uma cidade muito antiga, sendo referenciada já no século II a.C., e foi fundada em 138 a.C. Com uma longa história, diversos museus, tradições populares como as Fallas e a proximidade do Mediterrâneo, é uma das cidades mais conhecidas e visitadas na Espanha.

História
Topónimo
O topónimo da cidade deriva do latim Valentia Edetanorum, cujo significado se traduz em “Valor (ou Força) na terra dos Edetanos”. Atribuído com a fundação da colónia, segue a tradição já verificada em Itália, no século II a.C., da atribuição de topónimos alegóricos de virtude militar. Os árabes denominaram-na مدينة التراب (Madīna at-Turab, “Cidade da Areia”) devido à sua localização na margem do Rio Túria, enquanto que reservaram o termo بلنسية (Balansīa) para a Taifa de Valência. Porém, durante o reinado de Abd al-Aziz a cidade já tinha reivindicado para si o nome de Balansīa, que passaria a ser Valência, València em valenciano, após a conquista por Jaime I de Aragão.

Em 2016, o município concordou por unanimidade na recuperação de um decreto municipal não oficializado datado de 1996, através do qual a única denominação oficial da cidade é aquela em valenciano, València. Esta mudança teve lugar após várias consultas a instituições governamentais, como a Academia Valenciana da Língua.

Ao longo da história, a cidade recebeu diversas alcunhas, como a de Cidade das mil torres, durante os séculos XVII e XVIII, ou a de Capital do Túria. Também foi conhecida como Valencia del Cid.

Em português, a adaptação do topónimo castelhano, à semelhança de outras cidades homónimas, foi-se popularizando, caindo em desuso o exónimo original, Valença, que para ser distinguida das restantes se acompanhava pelo sufixo «de Aragão».

Da fundação romana ao reino cristão-visigodo (séc. I a.C.–VI d.C.)
Em 138 a.C., Valência foi fundada, sob o nome de Valentia Edetanorum, pelos romanos, à época em que era cônsul Décimo Júnio Bruto Galaico. É, por isso, uma das mais antigas cidades da Espanha actual. Em meados do século I d.C. ocorria na cidade um considerável crescimento urbano, motivado pela existência de um porto, e já começava a formar-se uma primitiva comunidade cristã no início do século IV. No século V surgiram as primeiras ondas invasivas dos povos germânicos (especialmente dos visigodos), e os edifícios romanos adaptam-se progressivamente a uma cidade cristã.

Época muçulmana (séc. VIII–XIII)
A cidade desenvolveu-se com a ocupação dos árabes, que a conquistaram no ano de 718. Valência era governada por Agréscio quando foi sitiada pelos invasores. Tanto Agréscio, o defensor, como Tárique, o atacante, sabiam que a situação era complexa e negociaram uma capitulação vantajosa para os cristãos, obtendo, tal como sucederia 500 anos depois no sentido inverso, a entrega da cidade aos sitiantes. Todos os habitantes puderam continuar a viver nas suas casas, com direito à prática da sua religião e à sua organização jurídica e administrativa, desde que aceitassem a autoridade política e militar dos conquistadores e o pagamento de impostos.

Abd al-Allah, filho de Abd al-Raman I (primeiro emir de Córdova), instalou-se em Balansiya (nome de Valência em árabe), e exerce um governo autónomo na área de Valência. Este traz para a cidade a sua língua, religião e costumes, que convivem com a dos habitantes originais, os moçárabes, que eram herdeiros da cultura hispanovisigoda e tinham como religião o cristianismo e como língua o moçárabe.

Começou o reino da Taifa de Valência pelos descendentes de Almançor. Foi a época de máximo esplendor da cidade, onde se criaram sistemas de rega, se desenvolveu a agricultura e aumentou o comércio com as regiões cristãs.

Época da Coroa de Aragão (séc. XIII–XVIII)
Reconquista e os Furs

Pendão da Conquista, içado quando Jaime I de Aragão entrou na cidade em 1238
Fazendo parte da conquista da taifa de Balansiya, em 1238 o rei da Coroa de Aragão, Jaime I, conquistou a cidade com a ajuda de tropas da Ordem de Calatrava. Realizou-se a divisão das terras como ficou testemunhado no Llibre del Repartiment.

Foi nessa época que se assistiu a um grande desenvolvimento das áreas comerciais e artesanais. Em 1251 criaram-se os Furs de Valência (els Furs) que anos depois se tornariam estendidos ao resto do Reino de Valência. Em 1348 a Peste Negra e sucessivas epidemias dizimaram a população da cidade enquanto estalava uma revolta popular contra os excessos do rei, a guerra da União. Em 1356, foram construídas novas muralhas, ampliando a superfície da cidade. Em 1363 e 1364 a cidade repele por duas vezes o assalto das tropas castelhanas. Como prémio, o Rei Pedro, o Cerimonioso concede à cidade o título de “Duas vezes leal”, que está representado pelos dois LL que ostenta o seu escudo.[12] Em 1391 os cristãos assaltam o bairro judaico, e obrigam os judeus a converter-se ao cristianismo. Em 1456 os árabes de Valência sofrem a mesma sorte. Valência foi capital de um dos dois Governos em que se dividia o reino: o de Valência e o de Orihuela.

No século XV, Valência atingiu o seu máximo esplendor com a actividade comercial e financeira, possibilitando um importante desenvolvimento urbanístico e cultural. Surgiram conventos, hospitais e jardins, dentro e fora da muralha. Nesta altura, foi construída em estilo gótico e dentro do recinto amuralhado La Lonja.

Esse período é conhecido como o Século de Ouro Valenciano. É acompanhado de um crescimento demográfico que colocou a cidade como a mais povoada na Coroa de Aragão. É reactivado o comércio com a criação da Taula de canvis, e com a construção da Lonja da Seda e dos Mercaderos (1482). Imprime-se em Valência Obres e trobes en lahors de la Verge Maria, o primeiro livro impresso em Espanha, em língua valenciana, e produz-se um auge quanto a obras escritas. Em 1502 é fundada a Universidade de Valência sob o nome de Estudi General.

Perda dos Furs
Em princípios do século XVIII, durante a Guerra de Sucessão Espanhola (Os Bourbon contra os Austriacistas), o Reino de Valência alinhou-se com o Arquiduque Carlos de Áustria. Depois da vitória dos Bourbon na batalha de Almansa, em 25 de abril de 1707, e como castigo, os furs de Valência foram derrogados, e introduziu-se o direito castelhano como lei básica mediante os Decretos da Nova Planta (ou do Novo Plano), promulgados por Filipe V. Deste modo o rei mudou a capital do reino para Orihuela como modo de ultrajar a cidade, e ordenou que se reunisse a Audiência com o Vice-Rei de Valência, o Cardeal Luis de Belluga, bispo de Cartagena. O Cardeal Belluga opôs-se à mudança de capital tendo em conta a proximidade de Orihuela como centro religioso, cultural e recentemente político em relação a Múrcia (capital de outro Vice-reino e de diocese). Tendo ainda em atenção o seu ódio por Orihuela a qual bombardeou e saqueou incessantemente durante a Guerra de Sucessão Espanhola, abandonou o Vice-Reino de Valência como meio de protestar junto do Rei Filipe V que finalmente devolveu o estatuto de capital a Valência.