Exposição traz a rara Medalha Estojo da Constituição de 1824

A Exposição Brasil: Independência para que(m)? é a novidade no Memorial do Rio Grande do Sul desde o dia 08 de Setembro, na Praça da Alfândega em Porto Alegre-RS.

A Exposição é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Museu Julio de Castilhos (MJC), em curadoria compartilhada com o Arquivo Histórico do RS, Museu Hipólito José da Costa (também instituições da Sedac), em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do RS, Centro de Memória e Informação Pessoal Yuri Victorino (CEMIP) e apoio do Memorial do Rio Grande do Sul (Sedac).

A exposição, alusiva ao bicentenário da Independência, apresenta elementos e materiais do Brasil Império, como documentos, bandeiras, escudos, a Constituição de 1824, moedas e cédulas e situa o visitante quanto aos fatos que levaram D. Pedro I a proclamar a Independência e posteriormente abdicar do trono. O projeto curatorial enfoca ainda na questão dos excluídos da Independência, questiona e convoca o público a refletir sobre que tipo de Independência efetivamente liberta e acolhe.

Dentre as inúmeras peças apresentadas se destacam algumas dentro da numismática. É o caso da Medalha Estojo em Homenagem à Proclamação da Primeira Constituição Brasileira de 1824 e as moedas com carimbos locais, como Maranhão, Ceará, Piratini entre outros.

A Medalha Estojo do Instituto Histórico e Geográfico do RS está no expositor que fica a esquerda da entrada. Ela acompanha a edição original da Constituição de 1824 pertencente ao Museu Julio de Castilhos. A numismática está na sala complementar da Exposição. No ambiente se pode apreciar moedas, medalhas, apólices e cédulas, além das bandeiras referente ao período de constituição do território brasileiro.

Esta é a Medalha da Constituição, 1824. Gravada em Bronze Dourado. JM 2-62; A01CD. Magnífica Medalha Estojo em Homenagem a Proclamação da Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Anverso com Busto de Dom Pedro I em traje militar à esquerda e Reverso com a Legenda Circundada de folhas de Café e Fumo. Gravação do artista francês Jacques Auguste Fauginet, com o texto produzido pelo também francês Alphonse Pelicier. Peça magnífica e notável por conter todas as 30 folhas originais da constituição presentes, algumas com picos de inseto, mas mesmo assim formando um conjunto único e formidável.

Tanto a gravação do artista francês Jacques Auguste Fauginet, como o texto produzido pelo também francês Alphonse Pelicier merecem destaque e estão alinhados com a influência francesa em nossa constituição. Adicionalmente, esta peça pode ser considerada como a precursora da profícua produção de tokens monárquicos brasileiros na França, tradição que perdurará até o final do Império.
A dualidade entre absolutismo e liberalismo se refletem totalmente na composição da peça, que traz em seu anverso a figura destacada do Imperador e um reverso esteticamente simples, com o nome do documento e uma coroa com dois dos maiores produtos de exportação da Nação.

O conjunto das peças numismáticas estão divididas em dois momentos: Reino Unido/Imperio e República. Estão dispostas em linha imaginária temporal, onde se pode contemplar detalhes das moedas em ampliações gráficas de peças carimbadas. Entre as moedas se destaca a réplica da Moeda da Coroação. A Peça da Coroação foi a primeira moeda do Brasil independente. Quando da coroação de D. Pedro I, em 1º de dezembro de 1822, foram cunhadas moedas destinadas ao óbulo que tradicionalmente os reis portugueses davam à Igreja no dia de sua coroação. Cunhada em ouro, no valor de 6400 réis, é considerada atualmente a moeda mais rara da numismática brasileira, com aproximadamente 16 exemplares conhecidos. Pelo seu valor histórico, é hoje a moeda mais preciosa da numária brasileira.

Além das breves informações disponíveis junto às peças, se pode complementá-las acessando o QR CODE. Há um conjunto interessante de peças a serem apreciadas como as fichas e medalha da Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922 em comemoração do Centenário da Independência. Também algumas cédulas, apólice e moedas comemorativas emitidas durante o século XX.

Para Doris Couto, diretora do MJC, a exposição tem o papel fundamental de  provocar o público a pensar sobre os fatos que nos forjaram enquanto país e produziram, desde sua gênese, a exclusão dos negros, dos indígenas e das mulheres do acesso à cidadania e ao reconhecimento por sua participação, não só na Independência em si, como no avançar enquanto pátria-mãe para alguns.

Já Yuri Victorino, curador numismata do CEMIP, alerta para a oportunidade única de associar a numismática com um tema tão importante da história brasileira. Nesta exposição literalmente se vê a história através dos documentos e peças tridimensionais, convidando a fazer conjecturas que não as impostas pela oficialidade… Nada ocorre de repente pois existe um enorme e significativo movimento silencioso acontecendo nos bastidores. Basta ver as moedas com carimbos locais como a do Maranhão por exemplo. Ela, assim como as outras carimbadas traz a insatisfação com o que havia no momento que antecedeu a dita Independência, assim como no momento que sobreveio…

Visitas Mediadas

As escolas interessadas em realizar visitas mediadas poderão solicitar agendamento pelo email educativo-ahrs@sedac.rs.gov.br, terças a sextas-feiras, das 10 às 16h. O público poderá visitar a exposição de terças a domingos, das 10 às 18h.

SERVIÇO:
O que: exposição “Brasil, Independência para que(m)?”
Quando: De terças a domingos, das 10 às 18h.
Onde: Memorial do Rio Grande do Sul, 2º andar, Sala Múltiplos Usos – Rua Sete de Setembro, 1020, Porto Alegre

Fotos: Gabriel Costa / Yuri Victorino

Texto: Medalha da Constituição e Catalogação por Hilton Lúcio.

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