Assunto Moeda Obsidional
MOEDAS OBSIDIONAIS
Obsidional é o termo que, usado em numismática – em alguns casos pode ser “confundido” com “castrense” – serve para indicar a moeda de emergência cunhada durante um assédio (do latim obsidium). Pode se referir à coroa graminea concedida ao militar romano de alto escalão, como recompensa por haver libertado tropas assediadas, premiando-os com uma coroa de ramos dita “obsidionalis”.
As moedas batidas pelos Holandeses em Pernambuco, nos anos de 1645 e 1646 e, posteriormente sob cerco em 1654, foram as primeiras cunhagens efetuadas em território brasileiro com o nome BRASIL. Essas moedas eram batidas em placas “romboidais” de ouro, nos valores XII; VI e III florins e de prata no valor XII soldos com a data de emissão, além da indicação do valor, em florins ou soldos, e das letras GWC, sigla da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais (Geoctroyeerde West-Indische Compangnie).
As remessas de florins, soldos e xelins provenientes da Holanda não eram suficientes para atender as necessidades da administração holandesa no Brasil, durante os anos de ocupação. Assim, para suprir a falta de recursos, o Conselho da Companhia decidiu utilizar o ouro vindo da Guiné destinado à Holanda para cunhar, em 1645, moedas de III, VI e XII florins e no ano seguinte (1646) fez nova emissão com o restante do ouro.
Estas peças chamadas de “moedas de necessidade”(de emergência ou de necessidade do invasor) foram as primeiras “cunhadas” no Brasil e são muito raras. São destacadas das demais moedas pela sua forma “quadrangular” e pela pouca espessura.
As moedas de prata de XII soldos de 1654 foram produzidas após a capitulação dos holandeses, com características semelhantes às de ouro, consideradas também como moedas de necessidade, nesse particular caso, do invasor.
Eram, em geral, cunhadas para pagar o soldo às tropas, mas não somente. A característica notável destas moedas é a irregularidade, não só na sua forma, mas também no valor, frequentemente não alinhada com o standard monetário usado na região circunscrita e, muitas vezes, não correspondendo minimamente ao seu valor intrínseco, isto é: o valor estampado, geralmente, supera em muito o conteúdo de metal ou material escolhido, de acordo com o momento.
Eram cunhadas pelos assediados, mas raramente também pelo assediador. Frequentemente, devido à carência de metal, muitas destas moedas foram realizadas em couro ou mesmo em cartão. Para fazer jus ao valor extrínseco, o correspondente intrinseco era, na maior parte das vezes, resgatado prontamente ao término de um conflito bélico.
A primeira menção oficial às moedas obsidionais é documentada a partir do século XVI, sendo muito numerosas a partir de então e até fins do século XIX. As mais antigas moedas obsidionais de que se tem notícia foram batidas na Itália, no início do século XVI, em ocasião do assédio de Pávia e de Cremona, época de Francesco I.