Assunto Argentina
Argentina, oficialmente República Argentina (pronunciado em espanhol: [reˈpuβlika aɾxenˈtina]), é o segundo maior país da América do Sul em território e o terceiro em termos de população, constituída como uma federação de 23 províncias e uma cidade autônoma, Buenos Aires, capital do país. É o oitavo maior país do mundo em área territorial e o maior entre as nações de língua espanhola, embora México, Colômbia e Espanha, que possuem menor território, sejam mais populosos.
Independência e guerras civis
José de San Martín, libertador de Argentina, Chile e Peru, na Catedral de Buenos Aires
Ao iniciar o processo de emersão da Argentina como o Estado sucessor ao Vice-Reino do Rio da Prata, a Revolução de Maio de 1810 substituiu o vice-rei Baltasar Hidalgo de Cisneros pela Primeira Junta, um novo governo em Buenos Aires composto por habitantes locais. Nos primeiros confrontos da Guerra da Independência, a Junta esmagou uma contrarrevolução em Córdoba, mas não conseguiu superar as da Banda Oriental, do Alto Peru e do Paraguai, que mais tarde se tornaram Estados independentes.
Os revolucionários se dividiram em dois grupos antagonistas: os centralistas e os federalistas — uma medida que definiria as primeiras décadas de independência da Argentina.
A Assembleia do ano XIII nomeou Gervasio Antonio de Posadas como primeiro Diretor Supremo das Províncias Unidas do Rio da Prata.
Em 1816 o Congresso de Tucumán formalizou a Declaração de Independência. Um ano depois, o general Martín Miguel de Güemes parou os defensores da coroa espanhola no norte e o general José de San Martín tomou um exército através dos Andes e garantiu a independência do Chile; então conduziu a luta à fortaleza espanhola de Lima e proclamou a independência do Peru. Em 1819, Buenos Aires decretou uma constituição centralista que fosse substituída pela federalista.
A Batalha de Cepeda de 1820, travada entre os centralistas e os federalistas, resultou no fim do governo do Diretor Supremo. Em 1826, Buenos Aires promulgou outra constituição centralista, com Bernardino Rivadavia sendo nomeado como o primeiro presidente do país. Entretanto, as províncias do interior se opuseram a ele, forçaram sua renúncia e rejeitaram a constituição.[44] Centralistas e Federalistas retomaram a guerra civil; este último grupo prevaleceu e formou a Confederação Argentina em 1831, liderada por Juan Manuel de Rosas.[45] Durante seu regime ele enfrentou um bloqueio naval francês (1838–1840), a Guerra da Confederação (1836–1839) e um bloqueio anglo-francês (1845–1850), mas manteve-se invicto e impediu a perda de território nacional.[46] Suas políticas de restrição ao comércio, porém, irritaram as províncias do interior e, em 1852, Justo José de Urquiza, outro caudilho poderoso, o tirou do poder. Como novo presidente da Confederação, Urquiza promulgou a Constituição liberal e federal de 1853. Buenos Aires se separou, mas foi forçada a voltar para a Confederação depois de ser derrotada na Batalha de Cepeda de 1859.
Ao superar Urquiza na Batalha de Pavón em 1861, Bartolomé Mitre garantiu a predominância de Buenos Aires e foi eleito como o primeiro presidente do país reunificado. Foi seguido por Domingo Faustino Sarmiento e Nicolás Avellaneda; estas três presidências estabeleceram as bases do moderno Estado argentino.
Entre 1878 e 1885, sob a liderança do General Julio Argentino Roca, Ministro de Guerra de Avellaneda e posteriormente Presidente da República, a Argentina expande seu território para o sul, conquistando a Patagônia, na chamada “Campanha do Deserto”. Esse processo resultou no extermínio de grande parte dos indígenas patagônios e fueguinos.
Começando com Julio Argentino Roca em 1880, dez governos federais consecutivos enfatizaram políticas econômicas liberais. A onda maciça de imigração europeia que se seguiu — menor apenas que a dos Estados Unidos — levou a uma quase reinvenção da sociedade e da economia argentinas que, em 1908, haviam colocado o país como a sétima nação mais próspera do mundo. Impulsionada por esta onda de imigração e mortalidade decrescente, a população argentina cresceu cinco vezes e a economia 15 vezes:[52] de 1870 a 1910 as exportações argentinas de trigo passaram de 100 000 para 2 500 000 toneladas por ano, enquanto as exportações de carne congelada aumentaram de 25 000 para 365 000 t por ano, colocando a Argentina como um dos cinco maiores exportadores mundiais.
Sua rede ferroviária aumentou de 503 km para 31 104 km.[55] Aprimorada por um novo sistema de ensino público, obrigatório, livre e secular, a alfabetização disparou de 22% para 65%, um nível mais alto do que a maioria das nações latino-americanas atingiria até 50 anos mais tarde.[54] Além disso, o PIB nominal do país cresceu tão rápido que, apesar do enorme influxo de imigração, a renda per capita entre 1862 e 1920 passou de 67% da dos países desenvolvidos para 100%.
Centenário da Argentina, celebrado em 25 de maio de 1910
Em 1865, a Argentina já era uma das 25 nações mais ricas e, em 1908, ultrapassou a Dinamarca, o Canadá e os Países Baixos para chegar ao 7º lugar, atrás da Suíça, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos, Reino Unido e Bélgica. O rendimento per capita da Argentina era 70% superior ao da Itália, 90% superior ao da Espanha, 180% superior ao do Japão e 400% superior ao do Brasil.
Apesar dessas realizações singulares, o país demorou a cumprir seus objetivos originais de industrialização; depois do forte desenvolvimento de indústrias locais na década de 1920, uma parte significativa do setor manufatureiro continuou a ser intensiva em mão de obra na década de 1930.
Em 1912, o presidente Roque Sáenz Peña promulgou o sufrágio universal masculino e secreto, o que permitiu que Hipólito Yrigoyen, líder da União Cívica Radical (ou UCR), ganhasse a eleição de 1916. Ele promulgou reformas sociais e econômicas e ampliou a assistência aos agricultores familiares e às pequenas empresas. A Argentina permaneceu neutra durante a Primeira Guerra Mundial.