Portanto, a implantação destes preceitos são de suma importância para assegurar o acesso à informação. O CEMIP E a ADB do Brasil perseguem a multidisciplinariedade, a excelência na prestação de serviços especializados, a sinergia entre colaboradores de distintas e complementares áreas de formação para ofertar soluções integrais e comprometidas com o desenvolvimento de nossos clientes.
Mas o contexto apresentado tem um propósito. Durante o rescaldo dos bombeiros no Museu Nacional uma imagem se destacou. Era a do Meteorito de Bendegó que permanecera integro mesmo após o incêndio.
Recentemente a ADB e o CEMIP trabalharam no tratamento e digitalização do fundo documental – J. TUPI CALDAS, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Neste fundo há um livro de autoria do Sr. Caldas que faz referência ao destacado Meteorito.
Um grande bólido luminoso surgiu declinando incandescente e sonoro desde o alto do céu, até se chocar com grande estrondo contra o flanco de um vale coberto pela caatinga. Ao repousarem os últimos fragmentos da grande nuvem de poeira levantada pelo choque, o silêncio calou fundo ao redor. Um certo dia do ano de 1784 um guardador de rebanhos que campeava pela caatinga se deparou com aquela pedra estranha. No ano seguinte, em 1785, o Governador da Província encarregou o Capitão Mor da Vila do Itapicuru de realizar o transporte da misteriosa “pedra” para Salvador. A tarefa, no entanto, era demasiada para os recursos disponibilizados, pois apesar de ter pouco mais de dois metros de diâmetro, a “pedra” pesava mais de cinco toneladas, e não havia estradas na região, nem infraestrutura que permitisse o bom desempenho da missão. Na tentativa de transportá-lo, o meteorito foi parar no leito do rio Bendegó (ou Bendengó), e o episódio foi traumático o suficiente para encerrar a operação. Lá permaneceu cem anos.
Em 1810 alguns cientistas viajariam até o sertão para ver a pedra. O francês Aristides F. Mornay (1779 – 1855) reconheceu-a como sendo de fato um meteorito. Com alguma dificuldade conseguiu arrancar-lhe pequenos pedaços remetendo-os junto com suas considerações de pesquisador para o químico inglês Willian H. Wollaston (1766 – 1828), seu amigo e secretário da Royal Society, que em 1816 publicou um artigo sobre o meteorito no famoso jornal da entidade, o Philosophical Transactions.
Outros dois célebres naturalistas que viajaram para aqueles sertões para ver a pedra foram Martius e Spix, que em 1820 também retiraram pequenas amostras do meteorito, uma delas para o Museu de Munique. A viagem épica destes dois naturalistas pelo Brasil é uma epopeia riquíssima, verdadeiro monumento ao conhecimento e à busca do saber, e suponho que Dom Pedro II, que amava mais a ciência e a astronomia do que a política, certamente deve ter lido os resultados da saga daqueles naturalistas, que vieram da Áustria, acompanhando a corte de sua mãe, Dona Leopoldina, da família dos Habsburgos.
Um dia em que fazia uma visita a Academia de Ciências de Paris, D. Pedro II se deparou com fragmentos tirados do meteorito brasileiro (um dos maiores do mundo conhecidos à época), e se convenceu de que deveria levar o meteorito de Bendegó para o Rio de Janeiro. A expedição de transporte protagonizaria uma verdadeira façanha, demorada e custosa, mas em junho de 1888 a Princesa Isabel receberia o meteorito na Corte.
A expedição de transporte do meteorito pelo sertão foi liderada por José Carlos de Carvalho e os engenheiros Vicente de Carvalho Filho e Humberto Saraiva Antunes, fazendo uso de cabos, roldanas, estralheiras e outros equipamentos e técnicas comuns à marinharia, a frente de um pequeno grupo de homens e de animais, transpuseram em 126 dias, todos os obstáculos até a então moderna estação férrea de Jacuricy, no atual município de Itiúbas, a cerca de 113 quilômetros de onde o meteorito jazia quando foi encontrado.
Esta história só foi possível contar porque foram tomadas providencias que garantiram o acesso às informações, disponíveis nos originais. Infelizmente a sorte dos mais de 20.000.000 de itens do Museu nacional não tiveram a mesma sorte.
Segundo José Luiz Pedersoli Júnior, químico e especialista em gestão de risco e patrimônio cultural, rochas, como o meteorito, são peças que devem sobreviver ao incêndio. “O meteorito não é um material combustível, ou seja, ele não reage ao oxigênio do ar e não responde ao processo de combustão. Ele já entra na atmosfera pegando fogo. Então, o que tinha para ser queimado nele, já foi”, diz. Segundo Pedersoli, outros materiais do acervo, feitos de vidro e cerâmica, podem ter sobrevivido ao fogo, pois também não são combustíveis — contudo, peças do tipo podem ter quebrado ou sido danificadas pela fuligem.
Ainda não há um levantamento oficial sobre quais outras peças do acervo, composto por 20 milhões de itens, resistiram às chamas ou foram salvas antes de o fogo consumir o museu. O museu tem três andares e prédios anexos, localizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de janeiro.
As informações aqui postadas são do site meteoritosbrasileiros.weebly.com e do livro ‘Mineralogia e Geologia’, J. TUPI CALDAS, assim como as imagens, estão disponíveis na web.
É o Cemip cumprindo com o seu papel de preservar e divulgar a Memória e a Informação.