Metadados
Título
LIVRO - CATÁLOGO DE POSTAIS DE PORTO ALEGRE
Descrição
CATÁLOGOA DE POSTAIS E CRONICAS DE PORTO ALEGRE
MIGUEL DUARTE
Data | Date
2022
Descrição | Description
CATÁLOGO DE CARTÕES POSTAIS DE PORTO ALEGRE
208 P.
Os cartões-postais promoveram, na passagem do século 19 ao 20, a comercialização de imagens das cidades por todo o mundo. Elemento da belle époque, foi ícone de um tempo de euforia e progresso que trazia a fotografia como nova invenção. O boom dos postais no Brasil ocorre nesse período. No tamanho 9x14cm, eles adotaram a fotografia e os processos de reprodução fotomecânicos sobre o papel típicos do período, o que aumentou sua produção e consumo.
Inventados por Emanuel Herrmanneé em 1869, na Áustria, apenas para mensagens escritas, os postais eram pequenos retângulos em papelão que circulavam pelos correios sem envelope e logo passaram a ter, de um lado, uma figura, e de outro, o destinatário e a mensagem. Diferenciavam-se das cartas porque constituíam a sua simplificação, uma forma de enviar mensagens a um custo mais barato. Com o tempo, tornaram-se uma espécie de souvenir.
Porto Alegre se junta às poucas cidades que podem se orgulhar de ter sua história contada por postais – como Rio de Janeiro e Brasília – com o livro Porto Alegre: Cartões Postais e Crônicas, do pesquisador Miguel Duarte. O autor é um porto-alegrense graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos e especialista em Ensino e Pesquisa na Arquitetura pela Faculdade Ritter dos Reis. Dirigiu o Arquivo Histórico do Estado e foi Secretário Executivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
A afinidade entre o fotógrafo e a HistóriaA afinidade entre o fotógrafo e a História
Mapa da arte urbana porto-alegrense: livro apresenta quase 2 mil imagens das esculturas públicas da cidadeMapa da arte urbana porto-alegrense: livro apresenta quase 2 mil imagens das esculturas públicas da cidade
É um notável estudioso da fotografia local, já tendo publicado Faça Chuva ou Faça Sol: Fotógrafos em Porto Alegre (1849-1909) e Photographos no Rio Grande do Sul (1848-1948), ambas edições do próprio autor.
A obra é composta por 285 postais, que registram o desenvolvimento da cidade e mais 36 crônicas sobre a Capital. Porto Alegre: Cartões Postais e Crônicas possui um duplo valor. O primeiro é como levantamento fotográfico: trata-se da primeira obra a reunir postais da cidade. O segundo é pelo seu valor literário, já que suas crônicas descrevem a Porto Alegre da passagem do século 19 para o 20. É um notável compêndio de informações: por meio dele sabemos que um dos mais antigos postais do município, do acervo do autor, data de 4 de maio de 1897. Fora chamado, então, de “bilhete postal”. Duarte acredita que seja um cartão-postal editado por João Mayer Jr. e outros, levando-se em conta o pequeno detalhe do desenho de folhas de palmeiras. Isso é pesquisa de fôlego.
A organização da obra segue os temas encontrados nos postais. O autor os apresenta a partir de arquitetura, artes, bairros, ensino, hospitais, igrejas e monumentos, o que reforça as principais imagens da cidade no período. Seguem-se postais sobre o Guaíba, personalidades, o porto, a Praça da Matriz e demais parques, além daqueles dedicados ao Riachinho, à Rua da Praia e aos tipos populares.
Já as crônicas tratam da transformação da intendência em prefeitura, os mercados, a arte da região, os sepultamentos, os fatos mais marcantes da cidade, em uma abordagem histórica original. Há, ao final, o primeiro levantamento das editoras de cartões-postais de Porto Alegre. A lista de Duarte inclui 91 editoras, entre elas a famosa Editora Globo, mas também centenas de desconhecidas, como Editora Estampa, Casa Martins, Tabacaria Alpha e Livraria Ideal. É o primeiro levantamento do gênero.
Duarte aponta o comerciante alemão Hugo Freyler (1871-1942) como o produtor da maior série de postais de Porto Alegre, com mais de duas centenas de cartões, inclusive cadernetas com 12 exemplares que eram para ser destacados e enviados. Sobre ele, o autor aponta: “Verdadeiro modismo entre as pessoas das mais diversas formações, os postais foram sendo colecionados e permutados. Em muitos exemplares vê-se o pedido de troca entre colecionadores, inclusive de outras partes do mundo. Diversos foram inutilizados por causa dos selos que possuíam: devido ao desconhecimento do valor irrisório do selo, foram danificados, muitas vezes fazendo desaparecer os carimbos e as datas de envio”.
Os postais de Porto Alegre nascem concorrendo com os de grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, de autoria, por exemplo, de Augusto Malta. Duarte mostra que não temos do que nos envergonhar: nossos postais são tão belos quanto os de outras capitais e revelam que aqui também se construiu a cidade higiênica e moderna, com amplas avenidas e novos prédios, parques e jardins, sinais da urbe moderna. Em Porto Alegre, como na então capital do país, também havia um modo “chique” de se viver, e suas vias assistiram reformas urbanas equivalentes as promovidas pela prefeitura do Rio de Janeiro e de São Paulo, com a abertura do Viaduto da Borges de Medeiros promovida por Otávio Rocha.
A importância dos postais está no fato de que constituíram a visualidade das cartas do passado, criaram um modelo de escrita que associa imagem e texto, antecipando em décadas os cards utilizados nas redes sociais da atualidade.
Assunto | Subject
ID
MNC2549